polaroide (parte 3)

sexta-feira, 4 de maio de 2012


     Dias depois ela ligou para o amigo, o iniciador, o que havia lhe despertado toda aquela confusão tortuosa em sua libido. "você não faz idéia do que fez comigo!", disse com lábios apertados e quase sorridentes, no telefone. "pode sair comigo essa noite? te conto tudo o que tenho feito nas últimas semanas, minha vida está uma bagunça! apesar disso, acho que você não irá se surpreender... mas garanto que será interessante". às nove da noite se encontraram naquele mesmo pub de sempre.

     ela lhe contou tudo. todos os detalhes. exatamente tudo que aquela maldita chapa de polaroide havia lhe causado em seu comportamento sexual; sobre as exibições publicas, o fetichismo fanático, a bissexualidade aflorada. sobre como ela estava literalmente perdendo o controle sobre suas ações, e como tudo lhe direcionava à busca por aquela situação viciante o tempo todo. ele ouviu tudo mudo, concentrado, com uma expressão suave no rosto, bebendo seu drink calmamente. terminou sua bebida e foi buscar mais um drink pros dois, enquanto ela tomava mais ar e coragem pra continuar seu relato.

     quando ele voltou, ela já se sentia mais relaxada. talvez sob efeito do álcool repentino, talvez por ter desabafado seus segredos com alguém em quem confiava, mas já se sentia mais tranquila. além do que, a funcionalidade do álcool também atingia sua sexualidade: a volúpia já começava a despontar, para todos os lados.

     "essa vontade intensa e interminável tá me deixando maluca!", ela resmungava, com os lábios constantemente irrigados pela língua, "preciso de algo que me satisfaça! vibradores e butterflies, sexo rápido, masturbação, nada disso tem adiantado. preciso de algo mais! algo além! me ajuda, vai!... você começou isso!! você ligou esse botão, agora desliga!! desliga, ou coloca na próxima potência!!", ela dizia, já bêbada, esfregando uma coxa na outra, por baixo da mesa, com a mão inquieta que corria do copo para o meio das pernas, depois deslizava para a cintura e nos seios com as pontas dos dedos, e de volta ao copo.

"não se preocupe", ele disse, com aquele já característico sorriso perverso no rosto; "vamos passar para a próxima fase!"

"como assim, próxima fase?", ela o interrompeu, curiosamente atiçada; "o que você tem em mente agora?? não sei se fico curiosa ou amedrontada..."

"os mistérios da sexualidade", continuou ele, "seus fetiches e perversões mais profundas, você só descobre na prática: você vai descobrir sua nova faceta em três, dois, um...", assim que ele terminou a contagem, ela sentiu uma leve tontura, seguido de um sono incontrolável; "não estou me sentindo muito bem", ela disse, tentando se levantar da cadeira. "tô tão bêbada assim? eu.. eu.. você colocou algo na minha bebida??", e ele sorrindo: "te vejo daqui a pouco". ela apagou na mesa. ele a segurou levemente em seus braços, antes que tombasse ao chão, simulando uma simples bebedeira dessas arrasadoras.

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