sexta-feira, 4 de maio de 2012
"hoje
vou abusar muito de você...", ele disse sarcástico, assim que saíram
do pub, entre passadas descompassadas, categoricamente embriagados. "no bom sentido, é claro!... só não sei se perversidades poderiam ser
encaradas num bom sentido!!"
explodiram em risadas estridentes,
subitamente engolidas pela palma da mão. os braços serpenteantes se
entrelaçando e se distanciando; as coxas dela arrepiadas, gerando pequenas
ondas estáticas ao se esbarrarem no jeans dele.
"veja lá o que você tem em mente, heim!", ela resfolegou,
com um sorriso convidativo, malicioso, quase malévolo. ele possuía respostas de
prontidão, um genioso bate-pronto quando se tratava de putaria generalizada: "nada que nos flagele, sossega! não vou
te contar agora porque estragaria tudo... mas garanto que até o Marquis de Sade
levantaria da tumba pra conferir essa farra! conto com a sua bebedeira pra que
isso fique mais ...interessante". um arrepio quente subiu pela coluna
dela desde a curva lombar até os pêlos eriçados da nuca macia. uma gargalhada
quase nervosa despontou, cheia de adrenalina e ansiedade. sentiu o sexo molhar
completo. um movimento compulsório quase espontâneo fez com que levasse a mão à
sua própria virilha, levantando indiscretamente a saia justa, entremeio às
pessoas que passavam de encontro, exibindo a liga e parte da calcinha, tentando
afagar seu sexo quente com dedos lentos, pra diminuir a tensão sexual que
desatinava sua embriaguez furiosamente. e num trôpego esbarrão do salto alto no
desnível da calçada, ela apagou.
acordou seminua numa cama que não era a
sua. Demorou alguns segundos pra identificar o quarto, da casa de seu amigo.
camiseta curta, calcinha e meias, com aquela “quase sensação” de acordar em um
lugar estranho, e com a completa certeza de certa promiscuidade gostosa que a
noite proporcionou. no ar, no nariz, na boca, no sexo. só não muito na memória.
"perdi alguma
coisa?", ela perguntou com um sorriso ressacado, tentando recompor o
cabelo da frente do rosto com as pontas dos dedos. "perder não seria a palavra correta", ele respondeu,
novamente com aquele sorriso sarcástico, "pode
ser que agora não se lembre de nada, mas me pareceu que você aproveitou cada
segundo!..."
ela sorriu curiosa. de fato parecia que
uma borracha psíquica havia lhe passado na mente, efeito de um porre homérico. "nossa, sério, não me lembro de nada! a
ultima coisa que me lembro foi de tropeçar na calçada, vindo pra cá, e tudo
escureceu. só isso... hm, na verdade tenho flashes muito vagos... sendo carregada...
mais álcool, mais risadas... minha cabeça dói um pouco agora."
"você enlouqueceu
ontem", ele disse em tom complacente. "parecia que um demônio havia dominado seu corpo. algo entre um súcubus
cruzado com uma pomba-gira descontrolada, completamente sedenta", ele
riu. "uma bala e um shot de absinto
fizeram sua parte nessa sua personalidade aflorada".
à essa altura, já tomada por uma
curiosidade monstruosa, ela não sabia se rendia-se às gargalhadas ou se pulava
no pescoço dele, implorando pra que lhe contasse o que acontecera na tão dita
fervilhante noite passada. se conteve. ele somente sorria um sorriso
pernicioso, com um certo deboche gostoso e com olhos espremidos, um sorriso que
se podia traduzir verbalmente como "você
é mais voluptuosa do que você mesmo imagina..."
"preferia
te deixar eternamente curiosa, mas não sou capaz de tamanha crueldade",
ele disse, terminando de abotoar a camisa e dobrando as mangas, já em direção à
porta de saída. "a única prova
concreta do que sobrou da sua catarse sexual de ontem se encontra na segunda
gaveta daquela escrivaninha", disse, apontando a gaveta larga. "peguei a polaroide e tirei uma única
pose sua, só uma, no momento mais, digamos, deliberado...!, de sua fome.
aproveite...!", ele finalizou, já fechando a porta do corredor. "e deixe a chave no vaso de plantas,
quando sair". deu uma piscadela charmosa e se foi.
ficou de ouvidos apurados ao abrir e
fechar da porta do elevador, lá fora, e dum pulo ela se levantou da cama, em
busca do conteúdo da gaveta. viu a máquina polaroide. por um instante pensou
ter sido ludibriada com essa estória de "única foto", pensou que não
havia foto alguma, que ele estava apenas blefando pra se divertir; mas assim
que retirou a máquina do lugar, lá estava ela, a foto, reluzente no fundo da
gaveta. tomou a foto em mãos trêmulas de excitação, aproximando dos olhos. à
primeira passada de olhos quase não se reconheceu, mas no segundo seguinte não
havia como negar: era ela. pornograficamente evidente, em pele, suor e tesão.